terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Mercado de Campo de Ourique

Inspirado no conceito do Mercado de San Miguel, em Madrid, (sobre o qual já falámos aqui) foi inaugurado há umas semanas o renovado Mercado de Campo de Ourique, que agora apresenta novas valências.
Não conhecia o anterior espaço mas actualmente ao lado das habituais bancas de peixe, carne, legumes, padaria, convivem pequenas tasquinhas.
 
O formato clássico de mercado face aos paradigmas da sociedade actual encontra-se obsoleto. Pelo que importa criar outras dinâmicas, novos horários que permitam dar nova vida aos mercados.
Assim, mais do que transformar o mercado meramente num espaço gastronómico - como de resto aconteceu com o modelo inspirador, o Mercado de San Miguel -, a ideia é antes aliar as diversas valências. Pelo que, em vez de situações concorrenciais importa criar antes acções complementares. Os estabelecimentos de restauração utilizarem produtos adquiridos no mercado é um exemplo disso, o que permite criar dinâmicas positivas para todos os envolvidos. Neste aspecto, o conceito aproxima-se mais do mercado também madrileno de San Anton e do restaurante aí sedeado.
Passando ao capítulo gastronómico, a oferta é diversificada. Desde carne (asinhas de frango, hambúrgueres, pica pau, picanha, ...), petiscos variados, charcutaria (queijos e enchidos), marisco, cozinha criativa, comida japonesa, pizzas, pastelaria gelados e bebidas (vinhos, gins e champanhe).
No dia que lá estivemos concentrámo-nos em dois estabelecimentos.
No Chef do Mercado onde comemos duas tapas, uma de presunto de pato com queijo azul e cebola caramelizada e outra de farinheira.
E na Marisqueira onde comemos um prego e umas amêijoas.
Para acompanhar bebemos vinho adquirido na Garrafeira.
 
E acabamos com um gelado.
A avaliar pelo dia em que lá estivemos e por relatos de outras pessoas parece-me que a adesão está a ser positiva. Considero que algo deste género, ainda mais no bairro onde está situado, tem todas as condições para ter sucesso a longo prazo e sobreviver aos efeitos efêmeros das moda. Parece-me, porém, que a aposta de várias tasquinhas em refeições de elaboração mais demorada pode ter um efeito perverso no negócio. Pois, quem procura um espaço destes sabe que vai cruzar-se com muitas pessoas mas não sei se estará disponível para estar largos minutos numa fila. Eu pelo menos não estou, tendo inclusive abdicado de uma tasquinha pela avolumada fila que apresentava.


Tomo by Tomo-san

A primeira surpresa deu-se quando entrámos no restaurante e deparámo-nos com o espaço cheio. Era sábado, é certo, à hora de almoço, o restaurante não é muito grande, também é verdade, mas não sei por que razão achava que iríamos encontrar o restaurante semi-vazio.
Informaram-nos que só havia lugares ao balcão. Essa viria a dar origem à segunda surpresa. Mas já lá vamos. Porque antes, a primeira foi acentuada ao perceber a diversidade da clientela. Casais novos, casais na casa dos 60, famílias com mais de 3 gerações, parelhas de amigos, pessoas sozinhas. Estava lá um pouco de tudo. Dando a sensação que o Tomo é um restaurante de bairro, daqueles que vamos repetidas vezes aos fins de semana ou quando não nos apetece cozinhar. Será? Certo é que é um sucesso.
Bem, após o nosso estabelecimento junto ao balcão iniciou-se a segunda surpresa. A forma elegante e magistral como o chef, e também proprietário, Tomoaki Kanazawa elabora os pratos. Estivemos de camarote a assistir ao espetáculo.
Enquanto isso vieram os miminhos de abertura, compostos por uns cubos de atum (divinal), salada de polvo e lula com pimento e salada de alface, tomate e pepino com molho de soja. E foi-nos servida ainda uma sopa miso.










Entretanto vieram as nossas escolhas gastronómicas. Optámos por uma vieiras flamejantes que vimos a passar na sala (não estavam apresentadas na ementa). Seduziram-nos pelo aspeto exótico e soberbo. Quanto ao sabor apresentaram-se sem grandes artifícios, quase ao natural, não fosse um pequeno caldo, suave, com cogumelos laminados, alho francês e feijão verde. A textura das vieiras, muito sensível e difícil, estava irrepreensível.

Optámos ainda pelo menu Bentobox, que nos foi servido directamente pelas mãos do chef e  acompanhado por um sorriso franco. O menu é composto por frango e porco panado, salmão grelhado, camarão cozido, omelete japonesa, arroz e sashimi de salmão, atum e um peixe branco, que não reconheci.

Por fim, terminámos a refeição com uma das obras-primas (mais uma surpresa) de Kayo Iwasaki, mestre pasteleira e mulher do chef. Ao que parece a sua imaginação sem limites permite-lhe mudar de ementa com muita frequência. A nossa sorte ditou-nos uma composição com gelado de canela (soberbo), massa de arroz com morango, bolo de laranja e mousse de chocolate cremosa com macaron.

Já tinha ido em tempos ao antigo Tomo, situado num espaço mínimo em Pedrouços. Há época, fiquei com uma excelente impressão dos preparados do antigo chef da embaixada do Japão. Neste espaço actual reforcei o meu agrado. Mas vou querer reforçar ainda mais. Pelo que em breve, com as 48h de antecedência exigidas, irei reservar o menu kaiseki e deixar-me surpreender um pouco mais.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Almoço de Natal 2013

A minha contribuição para o almoço de Natal do emprego.
Folhadinhos de atum. Na fotografia acabados de tirar do forno.

Espero que estejam num bom nível.
Porque vão fazer companhia à sempre em forma cachupa da Tia Bê e outros petiscos certamente interessantes.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Lollipop ou o Looping da Vida

Lollipop. De salmão, com rúcula, pão com sementes e molho de iogurte grego.
Uma das ofertas mais emblemáticas da Pekaria, a padaria do Ljubomir Stanisic, o chef dos 100 maneiras.

A sensação por vezes é que a vida é um looping. Há momentos em que ficamos de cabeça para baixo, sem norte e tudo parece estar ao contrário. Sentimos gelo no coração e frio na barriga. Mas também sentimos adrenalina. E quando voltamos à base o sentimento é tão reconfortante e saboroso como o de comer um lollipop.
E nesses momentos estamos prontos de novo para cantar como a Violeta Parra e a Mercedes Sosa, entre outros, gracias a la vida que me ha dado tanto.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Hindu Style

No templo Hindu Radha Krishna, na Alameda Mahatma Gandhi, em Telheiras, existe um cantinho onde é possível saborear comida vegetariana indiana. Trata-se da cantina do complexo religioso, que fica junto ao parque de estacionamento do mesmo. Aí chegando é só seguir o olfacto.
Á entrada há uma vitrine com vários acepipes e aperitivos indianos para venda e vê-se algumas pessoas a prepararem umas bolinhas que futuramente servirão de alimento.
Continuamos e entramos na sala principal, onde são servidas as refeições e onde também se percebe que por vezes se transforma num espaço para festividades.
O conceito é escolher uma mesa, pegar no tabuleiro em inox que está previamente colocado sobre a mesa, dirigirmo-nos até uma mesa onde estão dispostas as várias opções do menu do dia e servirmo-nos ao nosso gosto. O menu do dia em que por lá estivemos era composto por sopa, salada, arroz basmati, bolinhas de grão, papari e dois pratos, um com grão e outro com milho, ervilhas e tofu. As várias opções faziam-se acompanhar de três molhos picantes para temperar a comida, já de si também picante. Trouxe apenas o de malaguetas verdes com iogurte.


Na mesa está previamente uma garrafa de água (muito útil) e um chaas, uma bebida de iogurte salgada com especiarias e ervas. A acidez da bebida, dizem, porque não experimentei, ajuda a cortar o picante. Para este efeito recorri sobretudo aos chapatis que são servidos, acabados de fazer e quentinhos, com frequência pelo empregado.
A refeição terminou com uns doces óptimos e perfeitamente equilibrados no açúcar. Registei apenas o nome do mais amarelo. Jabeli e é preparado com farinha de trigo, manteiga clarificada, óleo, iogurte natural, amêndoas, pistáchios e cardamomo. O outro, de identidade desconhecida, era igualmente óptimo.
Namastê.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Chocolataria Equador | Lisboa

Aqui há uns tempos falámos nela a propósito de uma ida ao Porto, agora a Chocolataria Equador desceu até à capital.
Originalmente da Invicta foi com agrado que recentemente recebi a notícia da abertura de uma loja em Lisboa, na Rua da Misericórdia.
O espaço mantém o encanto da casa mãe, o design das embalagens continua a fascinar e as propostas continuam igualmente saborosas.

Tabletes de chocolate preto, branco, de leite, preto com gengibre, preto com caril, preto com recheio de cereja, bombons diversos, macarons, trufas, sombrinhas, cacos de chocolate, são algumas das múltiplas opções.


 







Nada como uma visita para adoçicar a vida.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Chá das 5 | As Vicentinas

Quando o amor está na ordem certa e antes de virar ao contrário e passar a Roma, que na verdade não é nada mau.










É assim por vezes na vida e, agora, o interior da Casa de Chá de Santa Isabel, também conhecida como as Vicentinas, uma casa desde sempre ligada a obras de beneficiência social, primeiro através da Casa de Nossa Senhora do Amparo e, actualmente, pela ligação à paróquia de Santa Isabel.
Sítio bom para beber um chá, comer bolos, como o de maçã e canela,

o doce de ovos ou


os tradicionais scones.

Hua Ta Li - Viagem até à China

Tofu com ovos dos cem anos (Pi Dan Doufu).
 Línguas de pato (Jiao Yan Ya She).
 Massa de passagem de ano com porco lacado (Jiang You Rou Nian).
Sopa de algas (Hun Dun Tang).
Uma refeição algures na Ásia?
Não, algo bem mais próximo. Na Chinatown lisboeta, também conhecida como Martim Moniz.
Tivemos oportunidade de experimentar algo exótico bem no coração de Lisboa, no Hua Ta Li, o restaurante dos donos da mercearia com o mesmo nome e no mesmo bairro. 
O restaurante, situado no 5º andar do Centro Comercial da Mouraria, é frequentado essencialmente por chineses. No dia em que lá estivemos só nós e o empregado que nos serviu é que não eramos do país do Confúcio. Ainda assim o empregado também era asiático, nepalês mais concretamente, pelo que torceu o nariz a algumas das nossas escolhas. Umas aceitamos a sugestão de abdicar, outras como as línguas de pato e o tofu com ovos dos cem anos (que desperdiçámos a oportunidade de comer na viagem que fizemos recentemente ao Laos) mantivemos com toda a convicção. E não nos arrependemos.
Doses generosas e paladares exóticos, a preços muito em conta.
Vale a pena para quando queremos viajar sem sairmos da nossa cidade.
Voltaremos para outras viagens e para experimentarmos o fondue chinês (à base de vapor e cozidos em água) à discrição que foi a opção de todos os restantes clientes presentes

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Cozido à Portuguesa | Era Um Jantar Para Uma Pessoa...

A sinopse é simples. Era um jantar para uma pessoa. No final fomos cinco...e ainda sobrou comida.
Na 6ª feira uma amiga estava com vontade de comer cozido à portuguesa. Foi às compras e já se sabe que, não sendo um prato fácil de fazer para apenas uma pessoa, adquiriu mais do que necessário. Resolveu ligar a convidar para irmos jantar por haver excesso de oferta. Comparecemos. Mais quatro pessoas do que o suposto inicialmente.
Mesa farta.
 
Arroz, feijão, grão (a lembrar o cozido espanhol em consideração à descendente de espanhóis presente),
 
couves, cenoura, batata, nabo,
 
orelha, chispe, carne de porco, frango
 
carne de vaca, farinheira, chouriço de sangue, chouriço de porco preto, morcela.
 
No fim ainda houve um portentoso e delicioso bolo de chocolate.
Não faltou nada. Apenas espaço no estômago para que não sobrasse comida.

Quinta do Portal | Douro

Em final de época das vindimas lembrar o extraordinário armazém de envelhecimento de vinho da Quinta do Portal, em Sabrosa.
Desenhado pelo arquitecto Siza Vieira, o edifício, muito bem integrado na paisagem do Douro, alia tradição e inovação. Isso é vísivel na arquitectura e na escolha de materiais da região, como o xisto, a pedra utilizada nos muros de suporte dos socalcos e a cortiça.
A Quinta, que se dedica à produção do vinho do Porto, do Douro, moscatel e espumantes, por todas as razões, vale uma visita.