sexta-feira, 27 de junho de 2014

Cozinha Popular da Mouraria | Cozinhas do Mundo

Foi no bairro mais multicultural de Lisboa, a Mouraria, onde estivemos para participar num dos seis jantares com cozinhas do mundo. Este evento decorreu na Cozinha Popular da Mouraria, que se associou ao festival de música Lisboa Mistura.
A Cozinha Popular da Mouraria é um projecto social, cívico e cultural, da iniciativa da fotógrafa Adriana Freire, que pretende envolver a população local em torno da cozinha, que pela sua linguagem universal permite criar interacções entre todas as comunidades locais.
A ideia dos jantares Cozi­nhas do Mundo – Mis­tura Popu­lar é dar a conhecer melhor diversas cozinhas do mundo. Das diversas possibilidades escolhemos a “cozinha bombástica do Médio Oriente” comandada por Dilma e Mali, respectivamente da Argélia, embora crescida na Palestina, e da Turquia.
Num ambiente descontraído e de interacção entrámos nos sabores do Médio Oriente.
De entradas (mezzes) deliciamo-nos com hummus, que é um prato à base de grão, tahin, alho, smac, servido em vários países do Médio Oriente;
Deleitámo-nos com Kabak mezesi, prato da Turquia, feito com curgete, iogurte e nozes;
 
Saboreámos Mtabal Betenjan, da Palestina, elaborado com beringela assada, iogurte, alho, tahin;
 
Encantámo-nos com Kofte de Lentilhas, de origem turca, que são bolinhos de lentilhas;
 
e sentimos a frescura do Cacik Mezze, que é servido em diversas partes do Médio Oriente, e feito com iogurte, pepino e menta.
 
Os pratos principais, ambos de origem palestina, foram Mjaddara, um prato vegetariano à base de tomate, batata e servido com salada árabe (pepino e tomate picadinho) e iogurte
 
e Kufta Bithinia (carne em molho de tahin).
As sobremesas, oriundas da Turquia foram Irmik Helvasi, sêmola com pinhão, e Kabak Tatlisi, abóbora cozida com calda de açúcar e nozes picadas.












 
Que viagem de sabores. Como bem sabe conhecer o mundo desta forma.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Fomos ao L'AND

Estava prometido. Íamos até Montemor-o-Novo almoçar ao restaurante L'AND, do resort L'AND &Vineyards.
O Verão tinha acabado de chegar, mas mais parecia um dia de Outono. Nada que abalasse o nosso propósito.
O edifício central do resort, onde está sedeado o restaurante, apresenta uma arquitectura contemporânea, ainda que não descure a tradição ao apresentar alguns apontamentos reinterpretativos como os pátios de influência árabe e romana.
O restaurante, ladeado por dois desses apelativos pátios e com vista para Montemor-o-Novo e o seu castelo, é um espaço muito bonito e acolhedor. O interior conjuga materiais como ardósia e madeira e apresenta um mobiliário de linhas exclusivas e elegantes. A elegância está também presente noutros apontamentos, como as toalhas e guardanapos de linho.
Feitas as apresentações do espaço físico, preparemo-nos para a componente gastronómica.
O restaurante comandado pelo chef Miguel Laffan recebeu no final do ano passado uma estrela no Guia Michelin. Acabou por ser uma das maiores surpresas, por ser um restaurante recente, discreto e fora dos principais eixos gastronómicos nacionais.
Optámos pelo menu de degustação, composto por seis pratos, dois dos quais sobremesas, e decidimos acompanhar a refeição com o vinho L’AND Reserva 2011 Tinto, um vinho tipicamente Alentejano, feito com Tou­riga Naci­o­nal, Tou­riga Franca e Ali­cante Bouschet.
A refeição iniciou-se com uma sopa de peixe da costa vicentina, lagostim assado e croquete cremoso de ostra envolto com tinta de choco.
A sopa apresentou-se muito saborosa, o lagostim macio e delicioso e o croquete com conjugação de texturas várias. Ora crocante na parte exterior, ora cremoso na interior.
Bom inicio.
Avançámos para um tataki de atum em mil folhas, compota de cebola roxa e chutney de manga com salada de rábano, coentros e bergamota. A acompanhar vinha também um croquete de atum com exterior de tinta de choco e erva príncipe, gotículas de wasabi e soja caseira. 
 
Este prato com uma bonita e harmoniosa composição, transporta-nos para influências asiáticas. Apesar de ter gostado da conjugação dos sabores, pareceu-me que o atum do tataki esteve demasiado discreto no sabor e o mil folhas um pouco seco.
Rapidamente seguimos para o salmonete de Setúbal na salamandra, açorda de caldeirada com lulas salteadas e salada crocante.
O salmonete apresentou-se com uma textura irrepreensivelmente macia e a açorda, soberba, estava de fazer levitar.
Prosseguimos para a carne, com um lombinho de porco de raça alentejana assado lentamente, gratin de couve-flor texturizado com salteado de espargos, ervilha e morcela regional.
O lombinho exibiu uma textura excepcionalmente macia e uma qualidade elevada. A conjugação com os restantes ingredientes esteve perfeita.
De entrada na secção das sobremesas, iniciamos com um tiramisu de pistacho com chocolate branco e cerejas confitadas, gelado de café e crocante de chocolate tainori. A conjugação de texturas e sabores tão distintos fez-se de uma forma harmoniosa. Destaque para o curioso sabor das ervas comestíveis que encimaram a sobremesa.
 
Por fim, terminamos com um duo de cenoura, terra de pistacho com espuma de açafrão e gengibre, gelado de mel. Composição de bonito efeito, acompanhada de igual prestação no sabor.
Assinalo a curiosidade de, apesar de o restaurante se localizar no interior do Alentejo, o presente menu de degustação apostar sobretudo em ingredientes do litoral. Não constitui uma crítica, antes uma constatação.
Como súmula pareceu-me que a cozinha desenvolvida apresenta uma matriz clássica com influências portuguesas, nomeadamente com uma aposta e valorização dos produtos regionais. Não se trata de uma cozinha espectáculo, criativa e divertida, mas antes uma linha que aposta numa boa confecção, bons produtos e conjugações harmoniosas.
Quem consegue estar sempre em festa? A simplicidade, harmonia e consistência são essenciais na vida. Pelo que, esta cozinha desenvolvida pelo Laffan, é absolutamente válida.