terça-feira, 29 de julho de 2014

Izakaya Quioto - Parte 2

Ainda em Quioto fomos a uma outra izakaya, ao Apollo. Com um ambiente mais calmo e requintado que o habitual nas izakayas, este bonito espaço tem uma decoração tradicional e cuidada.
Com um toque hipster, é frequentada por locais e, aparentemente, não é um sítio muito procurado por gaijin (estrangeiros), como nós.
O balcão, um dos lugares mais apetecíveis, encontrava-se ocupado e ficámos numa grande mesa em que nos sentamos no chão e colocamos os pés num espaço rebatido em relação ao mesmo.
Antes mesmo de vir a comida que escolhemos trouxeram-me a bebida eleita com a ajuda do empregado. Queria experimentar algo diferente de saké e pedi shochu, que é uma bebida típica japonesa destilata a partir de batata doce (pode ser também de cevada ou de arroz). Certifiquei-me com o empregado que não era demasiado forte. Pois bem, era demasiado forte. Causa ou não de problemas de comunicação, fizeram com que começasse a refeição já demasiado contente. No fim, o empregado informou-me que o teor alcoólico assemelhava-se ao da tequila...Confirmou o que suspeitei de início, quando me pareceu estar a beber algo semelhante à aguardente. Nem os cubos de gelo atenuaram a potência.
Já quentinha e contente da vida, veio a comida.
Barbatana de raia seca grelhada. Uma delícia.
Guiozas caseiras. Maravilhosas.
Raízes de lotus fritas com carne picada com molho de soja e mostarda. Soberbo.
Kushikatsu, espetadas de bife japonês panado. Estupendas.
Arroz com sardinha "ainda-quase-em-projecto". Diferente. Muito diferente as sardinhinhas.
As sardinhas são o bicharoco branco com olhinhos em cima da verdura.
Não pelo efeito do álcool, que entretanto ficou atenuado à medida que fui comendo, mas antes por ser uma característica minha, esta noite estive particularmente curiosa, a delirar e a cobiçar a comida diferente que se dirigia para os vizinhos do lado. Parece-me que estava entusiasmada com a qualidade do que comi e com vontade de prolongar o prazer. Pelo que resolvi, torturar-me, a imaginar se os outros pitéus eram tão bons ou melhores que os que tivemos oportunidade de degustar.
Este estado, insaciável e de inquietação, permaneceu até ao fim. À saída do restaurante, até chegar à rua, fui sempre a galar todas as mesas. Lá acalmei já na rua e consegui ter a lucidez de fazer o balanço da refeição. Foi belíssima.