Hong Kong. Atmosfera densa, responsabilidade
da humidade relativa a situar-se desconfortavelmente em valores no topo da
escala.
Entramos num Centro Comercial,
climatizado pelo ar condicionado, que nos safa dos incómodos atmosféricos.
Ingressamos com dúvidas daquele ser o
lugar certo. À primeira pergunta, com os constrangimentos linguísticos
próprios, um segurança indica-nos que está próximo o local que pretendemos e
dá-nos algumas pistas, nomeadamente faz sinal para descermos ao piso de baixo.
As escadas rolantes ajudam-nos a descer e ficamos de novo sem referências. Há
apenas corredores com indicações para o metro/comboio. Já não estamos na zona comercial
e menos na área de refeições, como pretendemos.
Persistimos e continuamos em modo
subterrâneo, a subir e descer escadas rolantes e a percorrer corredores, sem
encontrar o local pretendido. Eis que enfim conseguimos. Chegamos à porta do Tim Ho Wan de North Point, na ilha de Hong Kong. Contrariamente ao que temíamos não
havia fila. Pior ainda, percebemos que já não estavam a servir. O serviço de
cozinha tinha terminado por aquele dia.
Oito e trinta da noite e o famoso
restaurante ao estilo yum cha estava
fechado… Não queria acreditar. A desilusão apoderou-se, até que uma das
funcionárias nos informou que ainda havia algumas opções no take away.
Não nos pareceu a situação ideal, mas
naquele contexto, era claramente a melhor opção para experimentarmos os famosos
dim sum de um dos restaurantes com estrela Michelin mais baratos do mundo.
Pois é, este uma estrela Michelin para
além de se localizar num corredor subterrâneo de um centro comercial e estação
de metro/comboio, dispõe de take away. Bem
longe do glamour que associamos aos
premiados gastronómicos do pneu.
Menos glamouroso ainda foi o sítio que
acabamos a degustar os dim sum adquiridos. Um banco à entrada do comboio para o
aeroporto.
O que dizer? Foi uma refeição memorável.
Deliciosamente maravilhosa.
Destaque para a fritura perfeita e
conteúdo generoso e delicioso dos spring rolls e para o pão cozido com porco em
BBQ, crocante por fora e macio e de uma fragrância deliciosa e plena de
personalidade no interior.
O destino quis-nos provar que nem sempre
o que nos parece ser uma experiência incompleta é assim. De tal forma, que
prestes a embarcarmos de regresso a casa fizemos a última refeição novamente no
Tim Ho Wan, ou não fosse vizinho da estação de comboio que em forma balística,
tal a rapidez, nos transporta para o aeroporto.
Nesse dia não nos livrámos da fila, a
qual apesar de tudo não estava demoníaca. Trinta minutos de espera
conduziram-nos a uma das mesas, semelhante a tantas outras que polvilham pelos
restaurantes em zonas comerciais no mundo. Despida de toalha de mesa e guardanapos de pano.
Repetimos os magistrais spring rolls e
os pães cozidos com porco em BBQ da primeira experiência. Adicionalmente deliciámo-nos com uns dumplings de camarão cozidos ao vapor, a quinta-essência de qualquer
yum cha, com a clássica pele glutinosa e interior farto, com rolos de vermicelli
estufados com carne de vaca picada e com uns gloriosos wonton com molho picante, que a par dos pães cozidos com porco em BBQ foram os meus favoritos.
Tudo, como dita as regras dos yum cha, acompanhado de chá.