Não foi a raia à Pollock, um
dos pratos desenvolvidos por José Avillez, mas sim o prato final depois de
termos comido a fatia de bolo de aniversário que gentilmente o restaurante Belcanto,
de José Avillez, ofereceu no final da refeição que ali tivemos.
Um ano e pouco depois regressei
ao Belcanto. Entretanto o restaurante foi premiado com mais uma estrela
Michelin, possuindo agora duas estrelas, e entrou nos 100 melhores restaurantes
do mundo, com o 91º lugar, premiação atribuída pela The World’s 50 Best
Restaurants.
Desta vez optámos pelo Menu Maresia.
À semelhança da vez anterior,
que degustámos o Menu dos Clássicos,
a refeição iniciou-se com a reinterpretação do Porto Tónico, um aperitivo
clássico apresentado em forma de esferificação dos líquidos e servido numa
colher sobre uma “pedra da calçada”.
Tivemos o privilégio de uma vez mais deliciarmo-nos com as Azeitonas3, ao cubo por serem
apresentadas de três formas diferentes (explosiva, dry Martini invertido e tempura
de azeitona), cada uma mais original e saborosa que a outra.
De seguida veio o segmento
enigmático da noite, do “nem tudo o que parece é”. Composto pelo falso Ferrero Roche, de foie gras envolto numa
capa de manteiga de cacau e avelã e folha de ouro comestível, pelo “frango
assado” com recheio de abacate e requeijão, piripiri e limão e pelo rissol de
camarão.
Após ser apresentada a trilogia
de manteigas e o pão, tudo fantástico, veio o primeiro prato do menu, a Rebentação. Magnífico na concepção, sabor e apresentação.
Este prato, constituído por
bivalves, gamba da costa, “água do mar” e “areia” de algas, para além de
maravilhoso no sabor e texturas, é apresentado de uma forma extraordinária. A
perfeição é tal, que parece que todos os sabores e acções do mar vieram ter
connosco.
O prato seguinte foi o Cozido à
Portuguesa de carabineiro do Algarve. Composto pelo caldo do cozido, de sabor
muito forte, sobrepondo-se por vezes aos restantes sabores, nomeadamente ao carabineiro.
Contudo, a mim não me desiludiu.
De seguida saboreámos umas
pataniscas de bacalhau com arroz de feijão encarnado, que se fizeram ainda acompanhar de samos de bacalhau. Prato tradicional irrepreensível.
Por fim, saboreámos "Chocolate, banana e amendoim”, uma sobremesa de 2014. Caracteriza-se pela simplicidade e, simultaneamente, pela criatividade (o amendoim é uma criação perfeita) e diversidade de
texturas.
A primeira experiência que tive no Belcanto foi mais impressionante e surpreendente, porque tudo foi novo, ainda assim contínuo a considerar que se trata de uma experiência magnífica. Por essa razão a sala estava cheia, sobretudo de estrangeiros, os quais cada vez mais têm na sua agenda de visita a Lisboa uma imperdível ida ao restaurante português mais prestigiado.