Não, não foi descoberto o material precioso no Rio
de Janeiro. O título deste post revela antes que existe algo igualmente valioso
no Rio. Um restaurante chamado Oro e que tem como chef Bronze. Felipe Bronze. Eleito o chef do ano, 2013/2014, pela Veja Rio.
A cena gastronómica de alta cozinha concentra-se
sobretudo em São Paulo. Porém, nos últimos anos, têm surgido óptimas revelações
no Rio de Janeiro. O Oro é uma delas.
Localizado entre o Jardim Botânico e a Lagoa, este moderno
e confortável restaurante apresenta uma cozinha muita criativa.
Optámos pelo Menu Oro 5, composto por quatro pratos
e uma sobremesa. Há ainda mais duas opções, o Oro 7 (seis pratos e uma
sobremesa) e o Experiência Oro (nove pratos e uma sobremesa).
Cruzámo-nos com alguns ingredientes que dias antes
já tínhamos experimentado no D.O.M. de Alex Atala. Contrariamente ao que não
sentimos neste restaurante paulistano, no Oro a surpresa foi constante. A forma
criativa de apresentação dos pratos é extraordinária, o que aliado à
valorização dos ingredientes brasileiros e à excelente confecção resulta numa
combinação notável.
O chef
faz uma releitura das receitas tradicionais, da sua memória gastronómica, recorrendo
a técnicas moleculares, para de um modo artístico e lúdico apresentar a sua
gastronomia.
De início foram-nos servidos um conjunto de snacks. Cada um mais apelativo do que
outro.
Sorvete de ostra, alga Noori, raspa de lima com
saúva da amazónia.
Com este sorvete sentimos mais uma vez o sabor
cítrico da formiga saúva, acentuado pela raspa de lima e complementado com a
intensidade de sabor a mar da ostra. Proposta extraordinária para quem adora
ostra.
Profiteroles de queijo do Marajó.
Apesar de não gostar de queijo, reconheço que é uma
proposta bem conseguida.
Tempura de ovo de codorniz com ar (espuma) de beterraba.
Composto muito interessante e saboroso.
Barriga de porquinho com vinagreta de Xerez.
Uma delícia, com o pormenor soberbo de injectar a vinagreta no final.
Caldinho de feijão e couve acompanhado com um
torresmo.
Uma proposta tradicional reinventada. Fantástica.
Milharal, cones e espuma de milho doce com catupiry
e pó de pipoca.
Snack divertido e com boa conjugação de sabores.
Este desfile de criatividade e bom sabor encheu-nos
por completo. Tudo o que viesse a seguir não anularia o prazer deste começo.
De seguida saboreámos uma deliciosa cavaquinha grelhada com creme de
pistachio e palmito pupunha. A carne da cavaquinha apresentou-se impecável e a
conjugação com os restantes ingredientes é extraordinária. Adorei.
O prato seguinte foi novamente peixe. Black cod, um peixe do Alasca.
Servido com palmito pupunha fermentado, folha de capuchinha (da região serrana
de Petrópolis), molho miso, rapadura e caldo de galinha caipira tostado.
Formidável. Desde a textura muito macia do peixe à fusão de sabores.
Antes da sobremesa, comemos rabada com trilogia de milho (espuma, farinha
e pó de milho verde). Apresentou-se também muito bem, apesar de não ter sido a proposta que mais gostei.
De sobremesa voltámos a ter doses de criatividade e diversão. Com
diversas pequenas porções o chef leva-nos numa viajem aos sabores da sua infância.
A sobremesa chama-se “Brasilidades” porque explora ingredientes
tipicamente brasileiros. Foi então servido pipoca caramelizada com sal de
cumaru, brigadeiros, brownie, romeu-e-julieta (flan de queijo com goiabada), pudim de leite com amburana (árvore
típica do sertão nordestino) e sorvete.
Mas o momento
mais inventivo da noite foi uma espuma de cocada que o empregado coloca num
recipiente com nitrogénio líquido a 196 graus e transforma aquela espuma em um
sorvete.
Um festival sensorial.
A refeição que tivemos no Oro estimulou os nossos sentidos.
Este restaurante inventivo arrisca. Sem perder o controle.
Alimenta-nos. Saborosamente bem.
E diverte-nos. Muito.
Este restaurante inventivo arrisca. Sem perder o controle.
Alimenta-nos. Saborosamente bem.
E diverte-nos. Muito.
Que experiência sublime.