A primeira surpresa deu-se quando
entrámos no restaurante e deparámo-nos com o espaço cheio. Era sábado, é certo,
à hora de almoço, o restaurante não é muito grande, também é verdade, mas não
sei por que razão achava que iríamos encontrar o restaurante semi-vazio.
Informaram-nos que só havia
lugares ao balcão. Essa viria a dar origem à segunda surpresa. Mas já lá vamos.
Porque antes, a primeira foi acentuada ao perceber a diversidade da clientela.
Casais novos, casais na casa dos 60, famílias com mais de 3 gerações, parelhas
de amigos, pessoas sozinhas. Estava lá um pouco de tudo. Dando a sensação que o
Tomo é um restaurante de bairro, daqueles que vamos repetidas vezes aos fins de
semana ou quando não nos apetece cozinhar. Será? Certo é que é um sucesso.
Bem, após o nosso estabelecimento
junto ao balcão iniciou-se a segunda surpresa. A forma elegante e magistral como
o chef, e também proprietário, Tomoaki
Kanazawa elabora os pratos. Estivemos de camarote a assistir ao espetáculo.
Enquanto isso vieram os miminhos
de abertura, compostos por uns cubos de atum (divinal), salada de polvo e lula com
pimento e salada de alface, tomate e pepino com molho de soja. E foi-nos
servida ainda uma sopa miso.
Entretanto vieram as nossas escolhas gastronómicas. Optámos por uma vieiras flamejantes que vimos a passar na sala (não estavam apresentadas na ementa). Seduziram-nos pelo aspeto exótico e soberbo. Quanto ao sabor apresentaram-se sem grandes artifícios, quase ao natural, não fosse um pequeno caldo, suave, com cogumelos laminados, alho francês e feijão verde. A textura das vieiras, muito sensível e difícil, estava irrepreensível.
Optámos ainda pelo menu Bentobox,
que nos foi servido directamente pelas mãos do chef e acompanhado por um sorriso franco. O menu é composto por
frango e porco panado, salmão grelhado, camarão cozido, omelete japonesa, arroz
e sashimi de salmão, atum e um peixe branco, que não reconheci.
Por fim, terminámos a refeição
com uma das obras-primas (mais uma surpresa) de Kayo Iwasaki, mestre pasteleira
e mulher do chef. Ao que parece a sua
imaginação sem limites permite-lhe mudar de ementa com muita frequência. A
nossa sorte ditou-nos uma composição com gelado de canela (soberbo), massa de
arroz com morango, bolo de laranja e mousse de chocolate cremosa com macaron.
Já tinha ido em tempos ao antigo
Tomo, situado num espaço mínimo em Pedrouços. Há época, fiquei com uma excelente
impressão dos preparados do antigo chef
da embaixada do Japão. Neste espaço actual reforcei o meu agrado. Mas vou
querer reforçar ainda mais. Pelo que em breve, com as 48h de antecedência
exigidas, irei reservar o menu kaiseki e deixar-me surpreender um pouco mais.