Foi em meados dos anos 80 do
século passado que pela primeira vez fui a um restaurante chinês. O restaurante
tinha aberto há puco tempo no Centro Comercial do meu bairro, a Portela, e os
meus pais rapidamente se tornaram clientes habituais e conhecidos do dono, pelo
que durante anos frequentemente íamos jantar aquele espaço, que julgo ainda
existir.
Foi também nessa época, ou talvez
um pouco mais tarde, que começaram a surgir de uma forma massificada os
restaurantes chineses por Lisboa. Apesar da sensação que se tinha de serem todos
mais ou menos iguais, o gosto pelos restaurantes chineses passou a ser
generalizado, até porque se vivia numa época em que Lisboa era pouco
cosmopolita e a presença dos restaurantes chineses dava um toque de novo,
exótico e de abertura ao mundo.
Á época, de todos os restaurantes
que existiam, destacava-se o Dragão de Ouro - cujo dono é pai de um ex-colega
meu de natação, que apresentava uma cozinha verdadeiramente chinesa. Este restaurante apesar de ainda
existir não apresenta o protagonismo do passado.
Depois, já mais recentemente,
deu-se o declínio dos restaurantes chineses muito por conta das suspeitas de
falta de higiene nas cozinhas dos mesmos.
Actualmente é pouco frequente
ouvir alguém dizer que vai jantar comida chinesa, quer pela imagem negativa que
persiste como por a oferta ter diminuído substancialmente (muitos foram
reconvertidos em “japoneses”). Mas como tudo, nem todos são maus. Quando se destacam restaurantes, na zona de
Lisboa, com comida chinesa original invariavelmente se fala, primeiro, no
restaurante do Casino do Estoril, o Mandarim,
no Grande Palácio Hong Kong e no
restaurante Yum Cha Garden, em
Oeiras.
Já conhecia os dois primeiros e
recentemente, aproveitando a estada da minha mãe a banhos na linha do Estoril
fui experimentar o último, que tal como o Grande
Palácio Hong Kong apresenta essencialmente comida cantonesa.
Numa zona residencial como tantas outras, o Yum Cha Garden, passa completamente
despercebido.
No entanto, uma ida até lá é verdadeiramente compensadora a nível
gastronómico. Com uma carta bastante extensa, apresenta uma grande diversidade
de dim sum, alguns deles diferentes do que estamos habituados.
Experimentámos medusa, algo inusitado mas com um sabor bem agradável;
uns agradáveis crepes de manga e camarão;
uns raviolis de tubarão, que nos souberam lindamente, pois para além de óptimos é sempre preferível sermos nós a comermos o tubarão do que o contrário;
um interessante e surpreendente inhame frito, que mais parecia uma explosão de textura e sabor;
uns gulosos pãezinhos de porco e
uma competente galinha com caju.
O Yum Cha Garden revelou-se uma óptima aposta. A voltar, certamente.